A vitória do Cruzeiro sobre o Atlético e a primeira impressão deixada pelos rivais em 2013


O Mineirão voltou e a saudade que todos os fãs de futebol tinham do estádio, aliada à vontade de conhecer o novo espaço, deram forças a todos os torcedores que passaram por diversos problemas para conseguir acompanhar in loco a reabertura do Gigante da Pampulha, o clássico entre Cruzeiro e Atlético, vencido pelo time azul por 2 a 1. Por alguns momentos, o espetáculo de ver um estádio grandioso, lotado com duas torcidas, um novo gramado e visual modernizado, fizeram muitos se esquecerem dos problemas enfrentados desde a venda dos ingressos e que culminaram ontem com uma série de questões estruturais que, torço muito, sejam solucionados anteontem.

Festa das duas torcidas: coisa que BH não via em um mesmo estádio desde 2010


Em campo, o esperado entrosamento do Atlético não apareceu e o Cruzeiro, de quem se imaginava uma compreensível falta de conjunto, mostrou mais jogo de equipe. Foi o time recém-montado por Marcelo Oliveira que, na maioria da partida, colocou a bola no chão e trocou passes com mais tranquilidade. O Atlético, por sua vez, exagerou na quantidade de chutões para o ataque e deu espaços na marcação que foram bem aproveitados pelo Cruzeiro.


Destaque, Anselmo Ramon deu trabalho para a zaga atleticana e participou dos dois gols

Marcelo optou por um esquema que privilegiou o toque de bola no meio de campo, com Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, deixando Anselmo Ramon mais isolado. Éverton auxiliou tanto na marcação quanto no apoio ao ataque. Nilton só subia na boa, enquanto Leandro Guerreiro ficou na cola de Ronaldinho Gaúcho. Dessa forma, o Cruzeiro teve volume de jogo e criou mais até fazer o gol, aos 22 minutos, em lance rápido, de bola no chão e vários toques, que terminou com o gol contra de Marcos Rocha, após cruzamento de Leandro Guerreiro para Anselmo Ramon.
Cinco minutos depois o Atlético respondeu com o gol de Araújo após um habitual lance de perigo do ataque do Galo, a bola alçada na área. Até então, a equipe pouco tinha assustado Fábio. Araújo seria percebido em dois momentos do jogo: na hora do gol e quando deixou o campo no segundo tempo, substituído por Alecsandro. Até o gol atleticano, o time de Cuca tinha criado muito pouco, insistindo em lançamentos para Bernard e em tentativas de encontrar Jô nas jogadas áreas. Na defesa, Marcos Rocha deixou espaços que não foram cobertos. Araújo, que seria o jogador a recuar mais e compor o setor, nitidamente estava fora de posição.
Ronaldinho Gaúcho mostrou a habilidade de sempre

Com as entradas de Gilberto Silva e Serginho nos lugares de Pierre e Leandro Donizete, o Atlético colocou a bola mais no chão no início do segundo tempo e esteve perto da virada, em lances de Bernard e Jô. O Cruzeiro suportou a pressão e voltou a equilibrar o jogo com as entradas de Dagoberto e Alison nas vagas de Ricardo Goulart e Éverton. Mais ofensivo, o Cruzeiro aproveitou espaços dados pelo Galo para fazer 2 a 1, aos 16 minutos, com Dagoberto, de cabeça, após cruzamento de Anselmo Ramon, da esquerda, nas costas de Marcos Rocha.

Logo depois do segundo gol cruzeirense, Leandro Guerreiro foi expulso, o que obrigou Marcelo Oliveira a recompor o setor com Tinga, tirando Éverton Ribeiro. E aí faltou ao Atlético a tranquilidade para voltar a colocar a bola no chão, coisa que o Cruzeiro fez com qualidade. O excesso de chutões para o ataque alvinegro nem sempre conseguiam se transformar em jogadas. Quando jogou de outra forma, com a bola rolando, Jô quase empatou aos 28 minutos, em chute cruzado. Mas, de forma geral, faltou objetividade ao Atlético. O Cruzeiro, de forma consciente, começou a tocar a bola e a aproveitar os contra-ataques. Não fosse a falta de pontaria de Nilton, o placar poderia ter sido maior.
Nilton foi firme na marcação e ainda conseguiu espaço para apoiar o ataque

A vitória dá ao técnico Marcelo Oliveira tranquilidade para continuar seu trabalho. Ontem, mesmo com várias caras novas e no primeiro jogo oficial da temporada, o Cruzeiro apresentou unidade, especialmente na saída de bola e na ligação entre os setores. Algumas peças do elenco provaram que serão muito úteis. A defesa foi bem de uma forma geral, inclusive com os laterais, que ficaram bem mais presos à marcação, mas limitados no apoio. Os zagueiros, sem qualquer constrangimento, afastaram o perigo na base de chutões, mas podem ter dificuldades quando a situação exigir mais técnica. Com sossego por um tempo para implantar sua filosofia, Marcelo poderá testar outras opções e formações táticas, ainda mais levando em conta que alguns jogadores não estiveram à disposição ontem, como Diego Souza e Borges. A princípio, deixou uma boa impressão.


Marcos Rocha deu muitos espaços e cobertura do lateral não foi bem feita ontem

Do lado atleticano, o técnico Cuca terá que repensar a forma de cobertura a Marcos Rocha, testando, talvez, Rosinei na vaga ocupada ontem por Araújo. A equipe, nitidamente mais presa ontem, especialmente pelo fato de ser uma abertura de temporada, vai pegar ritmo naturalmente com o decorrer das partidas e deve se focar na estreia na Libertadores, na semana que vem. A zaga, alta, que tomou dois gols em bolas áreas, precisa estar mais atenta a esse tipo de jogada. As saídas dos dois volantes ao mesmo tempo foi forçada ontem, mas Gilberto Silva, técnico com a bola nos pés, mostrou uma certa dificuldade de se posicionar com Réver e Leonardo Silva, o que abriu espaços. Já Serginho pareceu perdido entre carregar a bola para o ataque e voltar para recompor a defesa. Opções de banco o treinador já tem. E um homem de ligação entre a defesa e o ataque pode ajudar demais Cuca e evitar que o time recorra tanto às bolas longas. Ajustes, assim como a entrada de Tardelli, que o técnico atleticano terá que arrumar até o jogo contra o São Paulo.

Fotos: Dudu Macedo

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