Virada do Galo em SP expõe qualidades e defeitos do time de Cuca


O atleticano temeu ontem, nos primeiros 35 minutos de jogo do Morumbi, contra o São Paulo, pela repetição de histórias amargas do Galo, momentos nos quais várias ótimas formações do clube colocavam tudo a perder em jogos eliminatórios. Em pouco mais de meia hora, um Atlético irreconhecível foi completamente dominado por um São Paulo muito mais bem ajustado em campo e com mais gana. E o que parecia terminar em um massacre, finalizou com uma vitória atleticana fundamental para o time conseguir a vaga nas quartas de final da Copa Libertadores. Quem viu apenas essa faixa do jogo e desligou a TV ou até mesmo saiu das arquibancadas do estádio vai demorar para acreditar que o Galo fez 2 a 1.

Muitos fatores levaram tanto à dominação são-paulina quanto à reação atleticana. Primeiro, o time de Ney Franco entrou muito mais ligado no jogo, fazendo uma pressão enorme na defesa mineira, que parecia perdida, com espaços demais nas laterais e entre a defesa e a dupla de volantes. Com a bola no chão, o São Paulo precisou de 8 minutos para fazer 1 a 0, com Jadson, em um lance que mostra o tanto que o Atlético estava desorganizado, com Richarlyson na direita, Marcos Rocha na esquerda e os zagueiros batendo cabeça.

A história poderia ter sido outra se Ademílson não tivesse isolado uma chance clara aos 14 minutos, na cara de Victor. Com o domínio do jogo, o São Paulo usou e abusou da experiência, colocando a bola no chão, ganhando faltas e aproveitando a lentidão e os erros de posicionamento de Gilberto Silva e os buracos deixados por Marcos Rocha e, especialmente, Richarlyson. Enquanto o São Paulo usava e abusava do toque de bola e de lances conscientes, o Atlético mostrava uma incapacidade impressionante para sair jogando. Erros de passes e chutões faziam sempre a bola voltar para a defesa atleticana. Aos 30, 31 e 32 minutos, o mesmo Ademílson apareceu nas costas de Gilberto Silva e desperdiçou mais duas chances.

Aos 35, um dos mais experientes do time são-paulino, Lúcio, errou feio, acertou Bernard de forma grosseira e foi expulso. Com menos um em campo, o São Paulo não soube como segurar a vantagem pelo menos até o intervalo. Começando a colocar a bola no chão e alternando as posições de Bernard e Tardelli, o Galo começou a incomodar e fez o gol de empate com Ronaldinho, de cabeça, após cobrança de escanteio de Bernard. Foi apenas a segunda vez que o Atlético chegava ao gol do tricolor - a primeira foi aos 10 minutos, em cabeçada de Jô.

O São Paulo pagou caro por ter sido incompetente nos primeiros minutos do jogo. No segundo tempo, o Atlético fez o que deveria ter feito desde o início, tocou a bola, fez a pelota passar nos pés de Ronaldinho, usou a velocidade de Tardelli e Bernard. Sem dar muitas chances para o São Paulo, fez 2 a 1 aos 13 minutos, com Tardelli, em lance de Bernard e passe de Marcos Rocha. Um detalhe: com Josué no lugar de Leandro Donizete, o toque de bola foi qualificado e o recém-contratado passou a fazer a ligação com Ronaldinho que tanto fez falta no primeiro tempo.

Com o time jogando mais tempo no campo do São Paulo, a defesa ficou menos exposta. Até então, Réver jogou por três. Cobriu as saídas de Richarlyson e compensou os espaços dados por Gilberto Silva. O Atlético poderia até ter forçado mais, quase fez o terceiro gol com Rosinei, já aos 47 minutos, em lance que Luan poderia ter tido mais tranquilidade no passe. Mas é inegável que, pelo desastre que se anunciava, o 2 a 1 foi espetacular para o Galo, que contou com seus jogadores decisivos no momento em que precisou deles.

A classificação atleticana está bem encaminhada, mas ainda não está garantida. Cuca sabe disso e tem em seu histórico uma eliminação em casa doída quando dirigia o Cruzeiro diante do Once Caldas, em 2011. A vitória provou a importância de Diego Tardelli e Bernard para o time e também o ganho que Josué traz para a equipe. Os momentos de sufoco provaram também que Gilberto Silva, baita atleta e tecnicamente impecável, não é, hoje, a melhor opção para a zaga. Deu para notar, mais uma vez, que Richarlyson, por mais raçudo que seja, dá muitos espaços e deixa a marcação em risco várias vezes. O São Paulo que irá ao Independência terá Luís Fabiano, que não erraria os gols que seus companheiros erraram. Mas também terá que se abrir para tentar fazer o que ninguém ainda conseguiu fazer no Horto: vencer o Atlético.  Missão difícil para o time paulista. Para o Galo, hora de fazer valer a experiência do elenco, administrar a vantagem e não dar mais brecha para erros.





Comentários

  1. Grande Fred, concordo com a sua visao de jogo. Gilberto Silva nao merecia estar no jogo. Sera que o Rafael Marques ta tao mal nos treinos? Richarlysson nao tem estrutura para os grandes jogos. Junior Cesar e muito melhor marcador. Marcos Rocha deixou a convocacao subir a cabeca. E por fim, nao sei exatamente onde, mas Josue precisa entrar no time. Abraco, Marcio Correa.

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