Atlético, um campeão continental construído com o tempo


Campeão. Sete letras. Simples. Sonho de muitos, algo palpável para poucos. A palavra estava engasgada em gargantas que esperavam gritá-la de forma firme, forte, grande, continental. As gargantas alvinegras não só gritaram como colocaram no lixo com a conquista da Copa Libertadores pelo Atlético anos de insucessos, fracassos, derrotas inesperadas e sonhos não realizados. O clube desenhou uma trajetória épica para levantar sua taça mais importante, um caminho que em nenhum momento os milhares de atleticanos imaginavam.



Mais do que vencer e enterrar uma série de maldições, o Atlético mudou de patamar. De dono de um título nacional a campeão continental. De quatro décadas distante de um troféu de primeira linha para a possibilidade de ser campeão do mundo em dezembro, no Marrocos. Mais ainda: de motivo de gozação dos rivais a fonte de temor para quem o enfrenta onde for, especialmente quando o Galo joga em casa - o time não perde como mandante desde agosto de 2011.

O título da Libertadores veio depois de uma série de acertos. Alguns óbvios em qualquer lugar do planeta, como a manutenção de um comando técnico por um tempo que permita que os resultados apareçam. Uma comissão técnica de primeiro nível, melhoria nas condições estruturais, mão firme da diretoria, a mesma que ajudou o treinador a montar uma equipe bem azeitada com contratações pontuais aqui e ali. Time forte montado capaz de encaixar promessas vindas da base com capacidade de retorno.

O trabalho que chegou perto de saciar o desejo por títulos no ano passado, quando o time arrancou no Campeonato Brasileiro dando pistas de que poderia acabar com o jejum. Foi vice, a melhor colocação desde 1999. O clube havia subido um degrau. A base pronta acrescida de bons reservas e do retorno de um ídolo de inquestionável qualidade técnica dava a impressão de que boas coisas iriam acontecer em 2013, ano com número místico no fim, o tal 13 do jogo do animal que é quase o nome do clube, que levantou a taça na madrugada do dia 25, número igual ao da data de fundação, em março de 1908.

Números, crendices, fatos, azares, mística, receios. Era difícil jogar longe do Independência? Ganhou no Mineirão, onde, com justiça, quase 60 mil atleticanos puderam ver a partida. Trauma em decisão por pênaltis? No mesmo local onde o time perdeu uma final de Brasileiro a conquista veio. O técnico é azarado? Sem problemas, não é mais. Pressão da torcida? Jogou junto com o maior patrimônio do clube, os fanáticos atleticanos. Dificuldade para virar um placar adverso contra um time copeiro? Sim, teve e muita. Mas venceu. 


O fato é que os sofridos 2 a 0 contra o Olimpia e a vitória nos pênaltis por 4 a 3 foram construídos com base em todos os fatores citados. O time com comando, um grupo experiente, que ganhou confiança e soube administrar a pressão e os riscos. Aconteceram erros no jogo final? Sim, vários. Os chutões excessivos, as bolas nas costas dos laterais, alguns cruzamentos e passes errados. A sorte, tão distante do clube em tantas decisões, estava lá e se juntou à competência de quem estava em campo, de quem defendeu como pôde e decidiu quando tinha que decidir, que foi frio quando teve que ser frio.

O Atlético é campeão da Libertadores. Os heróis são muitos e, ao longo deste texto, optei por não citar o nome de nenhum deles. A torcida sabe cada um quem é. O clube é maior do que todos eles, que tiveram papel fundamental em transformar uma das maiores entidades do futebol brasileiro em um clube continental. Parabéns, campeão da América!

Fotos: Bruno Cantini/ Clube Atlético Mineiro


Comentários

  1. Super texto. Campeão com todas as honras. Devem ter desenterrado a cabeça de burro do mineirão!

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  2. Grande Jota!!! Excelente texto meu amigo!!! Foi emocionante d+++!!!!! Essa camapanha, assim como toda a história que cerca o Galo é perfeita para um roteiro de Hollywood!!! Inesquecível!!! Rumo ao Marrocos!!!! Provar que o Galo é mesmo VINGADOR!!! Vamos bater os alemães e conquistar o MUNDO!!!!! Gaaaaaloooooooooo

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