A canonização do goleiro Victor na visão e na celebração de um torcedor






Dizem que o brasileiro tem o péssimo hábito de não cultivar sua memória e seus ídolos. E esse sentimento, se transportado para o mundo do futebol, costuma ser mais comum do que se imagina. Ídolos de um dia só são esquecidos para sempre da mesma forma que grandes artilheiros desaparecem da memória coletiva por puro deslize, incluindo aí erros dos clubes que em vários momentos pouco trabalham sua própria história. Tendo esse cenário como base, iniciativas voltadas para a exaltação de craques ou de jogadores que marcaram história em determinado clube sempre merecem ser elogiadas e apoiadas. É o caso da ideia do advogado Angelo Santos, de 39 anos, que propôs um encontro de forma informal na última sexta, dia 30 de maio, para celebrar um ano da incrível defesa com os pés de Victor, do Atlético, no jogo decisivo das quartas de final da Libertadores de 2013, contra o Tijuana. O lance antológico ficou marcado e foi, sem sombra de dúvida, o mais emblemático daquela conquista. O encontro, com direito a uma prévia passagem pela porta do Independência, foi realizado em um bar do mesmo bairro do estádio, o Horto, onde vários atleticanos marcaram presença. No local, casos e mais casos da conquista inédita do ano passado e um imenso baú de memórias do dia 30 de maio de 2013, com direito a vídeos e imagens especiais da conquista atleticana. Victor foi devidamente canonizado, se tornou santo para os atleticanos. Ao Angelo, os meus parabéns pela ideia. Valorizar os ídolos e heróis só reforça a importância da história de um clube de futebol. Abaixo, o relato dele sobre a organização do evento, as lembranças de 2013 e a sensação de dever cumprido.





"Há nas nossas vidas momentos de transcendência, quando o impossível ocorre aos nossos olhos e nós apenas temos que reconhecer que certas coisas fogem totalmente à nossa compreensão racional. Ouso dizer que, para 100% dos atleticanos, esse momento ocorreu na noite de 30 de maio de 2013, mais especificamente aos 48 minutos do segundo tempo da peleja contra o Tijuana, pelas quartas de  final da Copa Libertadores de América.
A história é conhecida de todos: Victor pegou a penalidade batida por Riascos, garantiu a vaga na semifinal e deixou de ser “apenas” o melhor goleiro do Brasil para inserir seu nome no rol dos Santos: São Victor, o nosso São Victor do Horto.

Victor foi definitivamente canonizado e, mesmo um ano depois, torcida ainda comemora a defesa com os pés


Passado um ano daquele que foi a nossa mais mística experiência sobre os gramados, entendi que deveríamos  homenagear nosso grande ídolo. Com essa ideia na cabeça, chamei alguns amigos para nos reunirmos e celebrarmos o lance que mudou a história do Galo, afastou nossos azares, enterrou a memória de tantas semifinais perdidas e jogou o vice-campeonato invicto no poço do esquecimento.

Antes de chegar ao bar, parada no Independência para tentar repetir a defesa do Victor



Nos reunimos em um bar próximo à Basílica do Horto, de onde poderíamos sempre mirar essa meca do atleticanismo que é a trave direita do estádio Independência. O alcance das redes sociais e a força dos bons amigos fez aquilo que inicialmente era só uma cervejinha entre parceiros tornar-se um evento bem divulgado e, com isso, tivemos o comparecimento de diversos devotos que se uniram para lembrar onde estavam e o que sentiram naquela noite inesquecível.




O amigo André Fidusi abraçou a ideia na primeira hora e colaborou com o convite e o banner (além de sua inquestionável simpatia). Assistimos vários filmes, todos eles dedicados à nossa grande conquista de 2013. O impressionante é que todos vibramos com o vídeo-tape como se nunca tivéssemos visto aqueles jogos,  demonstrando que a devoção ao nosso santo arqueiro supera qualquer limite da razão.

Angelo Santos (à direita), idealizador do evento, com André Fidusi, que fez convite e cartaz



Foi uma noite espetacular, de orgulho e celebração do nosso goleiro-santo. O ambiente foi o mais agradável possível, o comparecimento foi acima de tudo o que podíamos imaginar e o sentimento de todos foi de que, ali, apenas iniciamos uma tradição que acompanhará o atleticano por toda a sua história. Eu, pessoalmente, fiquei muito orgulhoso de ver minha singela homenagem a São Victor ser tão bem recebida pela massa atleticana, e muito feliz de perceber que tanta gente compartilha esse sentimento pelo nosso Galo!"

Comentários

  1. Parabéns pela ideia da homenagem. Estive neste encontro e mais uma vez fiquei orgulhoso de ser atleticano.
    Gostaria de parafrasear o grande atleticano Bolivar, aves de penas iguais voam juntas.
    Espero encontra-los no dia 25.de julho no aconchego da sede do GALO mais lindo de nossas vidas.

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