Atacante de Camarões fez o primeiro gol do Mundial da Itália contra a então campeã Argentina e ajudou os Leões Indomáveis a fazer a melhor campanha africana da história até então
A Copa do Mundo de 1990 é sempre lembrada pela pouca quantidade de gols, pelo futebol burocrático da maioria das seleções e, no caso brasileiro, pela insossa equipe comandada por Sebastião Lazaroni. Mas teve futebol alegre e diversão naquele Mundial e isso ficou claro logo na partida inaugural da competição. Foi quando a surpreendente seleção de Camarões bateu a Argentina por 1 a 0 e iniciava ali uma trajetória até então inédita para uma equipe africana.
Coube a Omam-Biyik fazer o gol de abertura daquela Copa, o único da partida realizada no estádio San Siro, em Milão, diante de 73.780 torcedores. Aos 22 minutos do segundo tempo, uma cabeçada até certo ponto despretensiosa do camaronês contou com a ajuda do goleiro Pumpido para ir parar no fundo das redes. O atacante de 1,81m se apresentava ali ao mundo do futebol. Abaixo, o craque camaronês no traço de André Fidusi.
Nascido em Sackbayene, em Camarões, Omam-Biyik tinha também a nacionalidade francesa e começou a carreira no Canon Taoundé, em seu país natal. Na época da Copa, aos 24 anos, defendia o pequeno Laval, da França. O bom desempenho de Camarões e, sem dúvida alguma, seu gol contra a Argentina de Maradona, o levou a clubes de mais prestígio. Logo depois do Mundial, foi para o Rennes e passou pelos também franceses Cannes e Lens, além do Olympique de Marseille, pelo qual fez apenas um jogo. Biyik também se aventurou no México, onde defendeu América, Atlético Yucatán e Puebla. Na Itália, fez apenas seis jogos pela Sampdoria.
Mas foi pela seleção camaronesa que se destacou. Disputou as Copas de 1990, 1994 e 1998. Fez, no total, 11 jogos nos três mundiais, recorde em seu país. Com 26 gols em 73 jogos, é o quarto maior artilheiro da história da seleção. É o oitavo jogador que mais entrou em campo com a camisa dos Leões Indomáveis.
Abaixo, o gol de Omam-Biyik contra a Argentina, em 1990
Omam-Biyik foi um dos responsáveis diretos pela campanha de Camarões em 1990, interrompida nas quartas de final pela Inglaterra. Depois do gol na Argentina, o atacante voltaria a marcar, em Copas, em 1994, contra a Suécia. Em 1998, fez a assistência para o gol de M'Boma contra o Chile.
Omam-Biyik foi o mais famoso de uma família completamente dedicada ao futebol. Seu filho, Emilio, é atleta, assim como o primo Francis Eliezer. Seu irmão mais velho, André, foi parceiro na Copa do Mundo de 1990 e, inclusive, foi expulso na estreia contra a Argentina. Em 1994, André novamente viajou com o irmão para um Mundial. Jean-Armel, filho de André e sobrinho de Omam, também é atleta profissional.
Na conta de Maradona
A Argentina, derrotada por Camarões na estreia (assim como tinha perdido na abertura da Copa de 1982 pela Bélgica), se classificou em terceiro lugar no grupo B em 1990 - na época, eram 24 seleções divididas em 6 grupos, o que permitia a classificação dos melhores terceiros colocados para as oitavas. Na fase de grupos, derrotou a União Soviética e empatou com a Romênia. Com um gol de Caniggia, tirou a seleção brasileira, que fez sua melhor partida na Copa. Nos pênaltis e com Goycochea inspirado, eliminou Iugoslávia e Itália, antes de perder a final para a Alemanha. Nem precisa dizer que Maradona foi a alma de uma equipe limitada.
Camarões venceu a Argentina e a Romênia e, mesmo com uma goleada de 4 a 0 para a União Soviética, foi o primeiro do grupo B. Nas oitavas, comandado por Roger Milla, despachou a Colômbia. Nas quartas, vencia a Inglaterra por 2 a 1 até os 38 minutos do segundo tempo, quando Lineker empatou. Na prorrogação, Lineker fez mais um e acabou com o sonho africano.
Confira os outros capítulos da série
1958 - Agne Simonsson (Suécia)
1954 - Milos Milutinovic (Iugoslávia)
1950 - Ademir de Menezes (Brasil)
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